Vida financeira em 2017 vai exigir cautela e fuga de dívida

A palavra para quem vai planejar a vida financeira em 2017 deve ser cautela. “Será um ano parecido com 2016, muito dependente da política que pode alterar as coisas positiva ou negativamente. O desemprego vai continuar, a dificuldade de se recolocar. Então, é fundamental ter um orçamento doméstico”, afirma Carlos Eduardo Costa, consultor financeiro do banco Mercantil do Brasil.
Para Leonardo Villa Real, diretor comercial da Lancini Assessoria Financeira e Corretora de Seguros, os ajustes continuarão no ano que acaba de começar. “Com recessão e taxas de juros altas. Por isso, as pessoas devem evitar se endividar com longos financiamentos e ter controle financeiro para poupar”, avalia.
O controle fica mais difícil, porém, quando o pagamento vem dividido ou atrasa, como aconteceu com uma parcela dos servidores de Minas. “Com os salários atrasados e as contas vencendo, os juros de cheque especial e cartões comeram soltos em 2016. Estou em contenção de despesas e cancelei a festa de aniversário da minha filha”, diz uma servidora que não quis se identificar e está insegura sobre 2017. “Não estou confiante. Não vou fazer compromisso além dos inevitáveis para o ano, como financiamentos, IPVA e matricula” completa. O governo de Minas pagará o 13º salário em duas parcelas, em dezembro e janeiro, para os servidores que ganham até R$ 6.000, 00.
Negociação. Para quem já está financeiramente comprometido, uma saída é trocar a dívida por outra mais barata via crédito consignado. Segundo Villa Real, o crédito consignado com desconto em folha tem juros entre 2,5% a 3,5% ao mês. Já no cartão de crédito, a taxa chega a 14% mensalmente. “Quando se trata de funcionário público, podemos chegar a juros de 1,8% ao mês”, afirma Villa Real.
A troca da dívida, porém, é mais efetiva se for acompanhada de uma consultoria financeira. “Além de oferecer o crédito consignado, ajudamos o cliente a sair da dificuldade, fazendo um controle maior das despesas”, explica Isabelle Costa Fraga, gerente comercial da Lancini.
“Comecei a pagar só o valor mínimo do cartão de crédito e logo virou uma bola de neve. Fiz o crédito consignado, mas também tive a consultoria financeira. Coloquei minhas finanças no papel e, hoje, gasto muito mais consciente. Antes, eu gastava mais do que eu ganhava. Neste ano, não sei se a situação do país será melhor, mas eu não terei os mesmos problemas”, afirma um funcionário da Conservadora Campos, cliente da Lancini, que preferiu não se identificar.
Inflação. A boa notícia é que analistas acreditam que a inflação deve chegar ao centro da meta em 2017. “A inflação já está dominada, é um problema passado”, afirma Ricardo Couto, do Ibmec.

PARA DESAFOGAR

Passos de regularizar a vida financeira:
Anote todos seus gastos mensais em uma planilha;
Pague as contas em dia e evite os juros;
Pesquise os preços antes de comprar;
Fique em dia com compromissos como financiamentos;
Evite gastar tudo que ganha;
Prefira pagamentos à vista e peça desconto.
Fonte: Lancini Seguros
Investir ajuda a guardar dinheiro
Para o consultor financeiro Carlos Eduardo Costa, investir pode ser uma boa forma de guardar o dinheiro que deve ser poupado em 2017. “É uma forma de se resguardar caso ocorra algum problema durante o ano”, afirma ele. Costa lembra que para investir em renda fixa ou no tesouro direto não é necessário ter um valor inicial. O desenvolvedor de software, Murilo Queiroz, 38, por exemplo, foi um dos que optou por investir no tesouro direto IPCA e Selic ao invés da poupança.

REFLEXOS

Cenário no exterior prejudica retomada de emergentes

O cenário pouco otimista para a economia brasileira em 2017 vem acompanhado de dúvidas sobre os parceiros comerciais no mundo. “Existe uma instabilidade internacional e, quando isso acontece, os investidores evitam os países emergentes, gerando uma certa aversão”, explica o professor de finanças do Ibmec-MG Ricardo Couto.
Entre os eventos ocorridos no ano passado e que impactarão 2017, Couto destaca o Brexit, a saída da Reino Unido da União Europeia e a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Para o professor, no entanto, o impacto de Trump será menor do que o esperado.
“Quando o mercado perceber que as ações dele não serão radicais como foi o discurso dele durante o processo eleitoral, deve ficar mais calmo”, avalia.
Já no Brasil, será necessário que algumas ações concretas aconteçam para que os investidores estrangeiros voltem ao país. “Aquela ideia do Brasil como a bola da vez já passou. Os investidores internacionais estão céticos em relação ao Brasil e só vão voltar quando algumas ações forem realizadas”, afirma o professor.
Entre as ações, Couto cita a reforma da previdência. “Tanto os investimentos de fora como nacionais voltarão depois que a reforma for realizada. O que é uma dificuldade política, porque é uma medida impopular”, diz.
Fonte: O Tempo

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