Brindes e embalagens especiais para o setor corporativo. Este é o negócio da Ayty Artesanato, um pequeno ateliê de Belém, que só trabalha sob encomenda e cria peças únicas. Sobras de madeiras de marcenarias e madeireiras são a matéria-prima do empreendimento. Grandes empresas, instituições públicas e privadas do eixo Rio-São Paulo compõem sua clientela.
Guilherme Augusto dos Santos Jr trabalhou como técnico em mineração e especialista em explosão de minas subterrâneas, durante 13 anos, na Amazônia. Viveu oito anos no garimpo e teve 12 malárias. Quando pediu as contas da mineradora, em 1991, não imaginava que a próxima etapa profissional seria uma atividade totalmente contrária ao que fazia.
Retornando à Belém, foi visitar a marcenaria de um cunhado e se deparou com lindas sobras de mogno, que seguiam para a caldeira. Não tinham valor de mercado e iam ser queimadas. Guilherme pegou parte delas e começou a criar miniaturas de instrumentos musicais, como violino, violoncelo e violão. A princípio eram para decorar o quarto do filho, mas o trabalho era tão bonito, que logo vieram as encomendas.
Assim o ex-técnico em mineração começou uma nova carreira, que acabou o transformando em empresário da Ayty Artesanato. O ateliê de 100 m², nos fundo de sua casa, é a sede do empreendimento, fundado em 2005, e especializado em produzir brindes e embalagens diferenciados, a partir de resíduos de madeiras da Amazônia. “Sinceramente não sabia que tinha habilidade manual. Passei tanto tempo devastando a Amazônia e, de repente, me vi fazendo um trabalho sustentável”, diz admirado. A Ayty e emprega seis funcionários, com carteira assinada, ressalta Guilherme.
Depois das miniaturas de instrumentos musicais, recebeu encomenda de uma madeireira internacional, que queria brindes criativos para sua clientela especial. Guilherme criou belos estojos marchetados com diferentes tipos de sobras de madeiras da região. Conquistou e fidelizou clientes na Itália e França. Encomendas de embalagens e caixas vieram, em seguida, e ele confirmou a existência de um nicho para seus produtos. Foi convidado para integrar a incubadora de negócios da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde permaneceu por cinco anos. “Minhas peças eram inovadoras e tinham de ser adequadas ao mercado”, explica ele. Guilherme conta que fez vários cursos do Sebrae. Sempre participou muito de feiras. O carro-chefe da Ayty Artesanato são os porta-cartões de madeira marchetados, oferecidos por grandes empresas a seus clientes. O empreendimento possui vasta linha de produtos, já que Guilherme não para de criar novidades, entre eles capas para pen-drives, troféus para prêmios, marcadores de livro, entre outros.
“Criei um negócio desde a raiz. Tudo passa por mim”, conta. Guilherme lamenta o fato de o artesanato ter pouco valor no país. “É preciso pensar e agir como empresa para entrar e vencer como artesão no mercado”, recomenda.
O segredo do sucesso é a qualidade do produto e a dedicação total ao negócio, segundo ele. “Trabalho no que gosto e este é o motivo porque não me canso. Jamais me coloco na zona de conforto e dou o máximo de mim”, acrescenta. A partir do momento em que se formalizou como empresa, conseguiu ter acesso a crédito e cresceu 500%, revela ele.
A principal clientela da Ayty Artesanato são grandes empresas e instituições de São Paulo e Rio de Janeiro. O trabalho de produzir os brindes e embalagens diferenciadas e sob encomenda demanda tempo, pois tudo é feito a mão. Para produzir mil capas de pen-drives, com sobras de diferentes madeiras, é necessário um mês e meio.
“A floresta é minha vida. Já que tiramos madeira dela, temos de aproveitá-la até o último pedaço. Não podemos desperdiçar nada que vem dela”, conclui o empresário-artesão.
Fonte: Centro de Sustentabilidade SEBRAE (http://www.sustentabilidade.sebrae.com.br/Sustentabilidade/Neg%C3%B3cios-de-sucesso/Ayty-Artesanato)