Por Igor Tasic*
O mundo é desigual. Eu sei que você está cansado de ouvir que o Brasil é o país mais desigual do mundo, mas será que a desigualdade é uma exclusividade nossa? E o que isso tem a ver com seu negócio?
Tudo. Pense que nem todos os cidadãos de Paris fazem suas compras diárias na Dior ou Louis Vuitton. Pelo contrário, a maioria sobrevive com salários talvez mais baixos que o seu, comprando no Carrefour local e andando de ônibus. A diferença é que, por estarem em mercados mais desenvolvidos, essas pessoas têm acesso a produtos e serviços inovadores para o padrão brasileiro.
Está aí uma grande oportunidade para o seu negócio: observar o que está rolando lá fora. Ações simples, como entrar no site francês ou americano de um supermercado ou uma loja de eletroeletrônicos, podem dar várias pistas de para onde novas tendências de consumo devem seguir, principalmente se acreditamos que muitas delas fatalmente aterrissarão em território nacional.
Você já pensou que a sua empresa pode ser a promotora dessa inovação e, portanto, lucrar com isso? Ser um dos primeiros a identificar tendências pode ser mais fácil do que você imagina e muito mais rentável que desenvolver do zero um produto inovador.
Obviamente, existem diferenças culturais que podem ser importantes em relação ao comportamento do consumidor, exigindo adaptações ou mais explicação sobre como usá-los. Mas, novamente, está aí a grande oportunidade de você lucrar com essa assimetria de informação.
Se seguirmos com o exemplo de Paris, podemos imaginar um imigrante, morador dos subúrbios de Paris, tomando diariamente um trem para chegar ao trabalho, num percurso de uma hora e meia, para ganhar 600 euros (aproximadamente R$ 1.600, ao cambio de maio de 2013) no final no mês. Será que o perfil de consumo dele é muito diferente da realidade de muitos brasileiros de grandes metrópoles? Observar como o primeiro incorpora novas tendências à sua vida pode ser essencial para o lançamento bem-sucedido de uma inovação que ainda não chegou às nossas terras.
Uma vez identificadas essas oportunidades, talvez uma abordagem a um fabricante ou distribuidor estrangeiro possa ser um primeiro grande passo para explorar novos negócios globais. O importante é ter a consciência de que vivemos em um mundo desigual e que isso é excelente para os negócios. Aliás, esta é a essência do capitalismo. Mas esta, talvez, seja uma conversa para um bar…
* Igor Tasic é CEO da Atlantico Partners (www.atlanticopartners.com)