Quem não se comunica, se trumbica
Por Raúl Candeloro*
‘Ser compreendido é um luxo’, disse Ralph Waldo Emerson. E tinha razão – ainda mais hoje, com toda a tecnologia disponível. Teoricamente, para aproximar-nos. Na prática, nem tanto. Mas comunicar-se é imprescindível para o sucesso, tanto na vida quanto nos negócios. Um bebê já nasce sabendo chorar e rapidamente aprende a comunicar-se maravilhosamente, sem falar uma palavra, às vezes por mais de um ano. Melhor do que muitos adultos.
Temos cada vez mais ferramentas disponíveis para a comunicação, mas infelizmente nem todo mundo está usando corretamente. Da mesma forma que cada pessoa tem uma maneira diferente de aprender e entender (por exemplo, sinestésicos, auditivos e visuais), também temos formas preferenciais de comunicação. Algumas preferem o e-mail (eu, por exemplo), outras o telefone, outras o fax. Muitos querem marcar reuniões. Tomar cafezinho. Bater um papo. Almoçar juntos. Como disse Vitor Borge, a risada é a menor distância entre duas pessoas.
OK – só que, no mundo da Internet, seu interlocutor pode estar em outra galáxia. O que acontece quando os grandes negócios de uma empresa passam a ser decididos via Internet, e não mais em churrasquinhos, futebol ou campos de golfe? Ou pior, em prostíbulos? Os mais recatados podem até ficar horrorizados, fechar os olhos e tampar o nariz, mas que atire a primeira pedra quem não conhece uma história de algum negócio – muitas vezes de estrangeiros ou gente de fora – que acabou sendo fechado entre goles de whisky e risadas de prostitutas?
Tem até gente especializada em não se comunicar, falando demais por não ter nada a dizer.
Agora vem uma geração nova de kamikazes virtuais – gente que não tem absolutamente nada a perder. Às vezes, nem o dinheiro é deles, e nem a idéia, que já vem copiada dos EUA. Lutar com kamikazes é diferente de lutar com concorrentes estabelecidos. Para um kamikaze, se ele sobreviver é porque alguma coisa deu errada. Seu lema é o lema de Gandhi: ‘Aprenda como se fosse viver para sempre; viva como se fosse morrer amanhã.’ O negócio do kamikaze é derrubar o máximo possível de gente. Atacar ineficiências, das quais o Brasil está abarrotado. Gente acomodada, empresas gordinhas e profissionais mentalmente flácidos. Os que acham que comunicar-se significa concordar com eles. Ou enrolar e falar bonito, como vimos acima.
Num mundo como este, comunicar-se corretamente é cada vez mais importante. Todos sabemos que problemas acontecem. O problema é não saber lidar com problemas. Telefonemas não atendidos, e-mails não respondidos e promessas não cumpridas são clientes que vão embora.
Pense na forma como você se comunica. A maioria das coisas tem apenas uma forma de ser impossível – não tentar. Em contraste, existem muitas e muitas maneiras diferentes de tornar algo possível. E comunicar-se continua sendo uma das melhores maneiras de transformar planos, projetos e idéias em realidade.
* Palestrante e editor das revistas VendaMais®, InvestMais® e Liderança®, além de autor de vários livros. Formado em Administração de Empresas e mestre e empreendedorismo pelo Babson College, é responsável pelo portal www.vendamais.com.br. Contato: raul@vendamais.com.br