O que fazer quando a franqueza vira arrogância?
Por Aguilar Pinheiro*
A franqueza está relacionada à capacidade que uma pessoa possui de dizer a verdade. Verdade essa que pode ser baseada em fatos, dados incontestáveis ou apenas nos critérios individuais de quem se baseia nesta verdade. Neste caso, a verdade pode não ser tão verdadeira. Mas, digamos que sim. Franqueza envolve mais de uma pessoa, quem é franco e quem é destinatários, o receptor dessa relação. Tanto quem emite quanto quem recebe qualquer informação é afetado pelos sentimentos internos que esta gera. Ao expressar algo a pessoa manifesta suas emoções, ao receber esse conjunto de conteúdo e emoções o ouvinte acessa as próprias emoções, provocadas por suas reações internas ao que ouviu e ao que o que foi dito representa.
“A arrogância vem antes da queda.” (Provérbio Alemão)
O conteúdo da informação é o que se pode chamar de sinceridade. Já a forma como essa verdade é dita, representa a franqueza. Ou seja, os impactos da franqueza estão mais na forma do que no conteúdo. A questão é: como fazer para ser franco sem parecer arrogante e massacrar a relação?
O comportamento socialmente correto tem sido vítima de disfarces da verdade e de falsa franqueza. Muitas vezes a pessoa, para ser gentil, diz uma coisa diferente do que está pensando, do que seria a verdade, deixa de ser franca para ser gentil. Isso pode ser danoso, pois ao preservar a relação a opinião dada pode levar a resultados indesejáveis. Por outro lado, ao ser franco e direto, há o risco de magoar a pessoa e depois a si mesmo, preserva-se a verdade, mas desestabiliza-se a relação. Imagine isso numa organização, você está numa reunião em que o objetivo é discutir um dado projeto. Você percebe os pontos fracos do projeto e antecipa os cenários futuros, em que grandes prejuízos serão amargados. O que fazer? Falar francamente sobre estes pontos fracos e relacioná-los aos possíveis prejuízos ou parabenizar o autor pela proposta apresentada?
Aí é que entram a análise das duas coisas que mencionei antes, a verdade e a franqueza. O que você percebeu é verdade baseando-se em dados técnicos, estudos do mercado, do projeto ou em suas opiniões pessoais? Em seus sentimentos em relação ao autor do projeto ou em possíveis “perdas” que este projeto trará a você, em detrimento da ascensão do outro, caso seja logrado de êxito? Dependendo das respostas você fica calado ou prossegue. Claro, baseando-se em suas crenças e valores e nos da organização.
Se os dados atestam que o que você dirá é verdade, então, antes de ser franco, pense em mais duas coisas: A necessidade. Sua opinião, neste contexto é, realmente, necessária ao objetivo proposto? Se sim, passe ao segundo item, o traquejo social. Em Programação Neurolinguística – PNL há um pressuposto que diz que todas as ações têm uma intenção positiva. E isso é verdade, de acordo com o dito popular que afirma que de bem intencionados o inferno está cheio. O traquejo social dará à sua franqueza uma áurea de nobreza e boas intenções, e evitará que você queime no fogo do inferno da mágoa e da culpa. Traquejo social é se importar com mais duas outras coisas: os sentimentos do outro após receber sua opinião e os resultados que isso trará na sua relação com essa pessoa, seus sentimentos. Desse modo, pense nas intenções do outro e nas suas próprias intenções, no contexto presente e futuro.
* Consultor de empresas e coach, especialista em mudanças comportamentais, trainer em Programação Neurolinguística – PNL, certificado pelo IANLP (EUA), é Diretor de Aprendizagem da Asbrapa. Contato: http://www.linkedin.com/profile/view?id=101636632