O apetite insaciável do Subway
O empresário americano Fred DeLuca, fundador da rede de lanchonetes Subway, sempre sonhou alto. Em 1965, aos 17 anos de idade e com US$ 1 mil no bolso, abriu sua primeira lanchonete, a Pete’s Super Submarines, na cidade de Bridgeport, em Connecticut, em parceria com o amigo Peter Buck. Seu principal objetivo era pagar a faculdade de medicina com os lucros do pequeno comércio. Mesmo dividindo seu tempo entre os estudos e a administração da empresa, DeLuca fixou uma meta ambiciosa para quem era um estudante: inaugurar outras 31 lojas em dez anos. O plano não só deu certo como superou qualquer expectativa.
Com 39 mil unidades em 102 países, a rede de fast-food, que mais tarde ganharia o nome de Subway, se tornou a maior do mundo em número de lojas e a segunda em faturamento, com estimados US$ 10 bilhões no ano passado (com uma rede de 34 mil lanchonetes, o líder McDonald’s fatura US$ 27,5 bilhões). “Estávamos apenas focados em nosso objetivo”, disse DeLuca à Dinheiro. “Não pensávamos que a empresa poderia se transformar em uma potência global.” Essa tática de estabelecer metas ambiciosas, que até parecem fora do alcance, norteia a atuação do empresário até hoje. Seus sonhos, no entanto, se tornaram ainda maiores. O novo objetivo é chegar a 50 mil restaurantes até 2017 e ultrapassar a barreira dos 100 mil nos próximos 20 anos.
Para isso, DeLuca conta com o ritmo acelerado de expansão da Subway no País. “O Brasil só perde para os EUA em termos de crescimento”, diz o empresário. Atualmente, assim como ocorre no mercado internacional, a rede lidera o mercado de fast-food em número de lojas aqui, com 1,1 mil unidades. Seus principais concorrentes, Bob’s e McDonald’s, têm, respectivamente, 1.013 e 735. A expectativa é de que a operação brasileira cresça 700% na próxima década, atingindo um total de oito mil lanchonetes. Neste ano, a expectativa é inaugurar 400 lojas. “O Brasil é o quinto maior mercado e deverá superar a Austrália, quarta colocada, ainda este ano”, afirma Brian Marino, gerente do Subway para a América Latina e o Caribe.
Colocar o plano brasileiro em prática vai demandar um investimento de cerca de R$ 2 bilhões. Esse dinheiro virá de seus franqueados. DeLuca não é dono de nenhuma das 39 mil lojas do Subway no mundo. Todas elas pertencem aos franqueados. Para cumprir essa agenda frenética de inaugurações proposta, os executivos da companhia no Brasil colocaram como prioridade avançar em direção ao interior do País. No foco, estão cidades com população a partir dos 35 mil habitantes. “O custo dos imóveis é muito menor e o retorno do investimento é o mesmo”, afirma Roberta Damasceno, gerente-geral da empresa no Brasil.
A estratégia é viável por que o custo de abrir uma lanchonete do Subway, cerca de R$ 300 mil, com taxa de franquia de R$ 25 mil, é menor do que o de seus concorrentes, que exigem investimentos da ordem de R$ 1 milhão por loja. “Nas cidades do interior, a demanda já existe, é só uma questão de migração do consumo do comércio local para uma rede de fast-food”, afirma Adir Ribeiro, da consultoria paulista Praxis Business, especializada em franquias. “Não é viável para redes como o McDonald’s, que exigem muitos recursos financeiros.”
Outra investida da empresa é aumentar a presença dentro de estabelecimentos como postos de gasolina, universidades, hipermercados e até hotéis. Hoje, mais de 160 unidades já estão instaladas nesse tipo de locação no Brasil. A estratégia, além de se aproveitar do fluxo de pessoas já existente, acaba gerando uma vantagem competitiva. Ao contrário do que acontece com as lanchonetes dos seus principais rivais, uma loja do Subway pode ser montada em um espaço de apenas 30 metros quadrados. Esse modelo de negócio, na verdade, é uma tendência global da companhia. Nos Estados Unidos, também existem unidades dentro de hospitais e até de uma igreja Batista.
Fonte: IstoÉ Dinheiro (http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/121663_O+APETITE+INSACIAVEL+DO+SUBWAY)