Liderança: a receita do bolo. Você aceita?

Por Aguilar Pinheiro*
Faça uma busca no Google usando a palavra liderança, certamente o número de retornos chegará perto dos 30 milhões. Você acha isso demais?
Quantitativamente é uma cifra e tanto, qualitativamente, não dá para saber, a não ser que se perca um bocado de tempo para hierarquizar todo o amontoado de dados e analisar seus conteúdos. Depois será necessário criar critérios de avaliação e classificação de tais dados, para então separar o joio do trigo. E, finalmente, tomar uma decisão sobre o que fazer com o joio e com o trigo. Parece simples, não é?

“Liderar é servir, orientar para resultados e cobrar por eles. O resto é filosofia” Autoria desconhecida.

Um Líder, no sentido lato da palavra e, na prática do que são os comportamentos e as habilidades deste, escrito assim, com L maiúsculo, faz isso o tempo todo: lida com muita informação, separa a que é relevante da que não é e ao tomar decisões, faz uso do resultado disso tudo. Liderar não é só lidar com a informação, mas, principalmente, saber fazer uso do conhecimento que esta gera e, sobretudo, ter a expertise necessária para modificar cenários.
Insisto, sempre, que existe uma diferença abismal entre O QUE FAZER e COMO FAZER. O que é uma receita que lista os ingredientes necessários para uma proposta, fazer um bolo, desenvolver um novo comportamento, como o de ser líder. O como é o modo de fazer.
Como disse anteriormente, o resultado de sua busca trouxe, traz e trará uma infinidade de receitas, mas uma pergunta interessante é: você consegue realizá-las com altíssimo grau de eficácia e satisfação com os resultados?
A maioria das pessoas não consegue. Os motivos são simples, por mais que se tenha a receita e o modo de fazer, falta um ingrediente essencial que estratégia mental utilizar para internalizar as habilidades necessárias aos comportamentos desejados. É o que nos tange esse artigo, ser um Líder, com L maiúsculo, na essência da palavra e das atitudes.
No artigo “Gestão de Pessoas: Qual o melhor modelo III” menciono a frase de Peter Senge, um dos maiores especialistas em aprendizagem e liderança. Ele disse, acerca de seu livro A Quinta Disciplina: (…) só uma minoria de organizações conseguiu internalizar as capacidades de que falo no livro.
O lamento de Senge está perdido na lacuna que separa o que do como. Em síntese, os bons livros sobre liderança abordam cinco pontos que são necessários no comportamento de um líder:
Ter visão de futuro: Significa pensar no futuro para transformá-lo para melhor, através de ideias inovadoras e que agreguem valor à empresa, aos funcionários, aos acionistas e ao meio ambiente, com responsabilidade social e ética;
Fazer acontecer: Significa colocar em prática aquilo que foi pensado no item anterior, começando por transformar aquelas visões em projetos exequíveis. O líder planeja e executa;
Gerir Talentos: Significa recrutar, treinar e gerenciar pessoas, seguidores que participam de todas as etapas do processo, engajar um grupo para a construção do Objetivo Comum;
Fomentar o Capital Humano: Significa preparar outros líderes, ter autoconfiança necessária para saber que seus colaboradores podem ser tão bons ou melhores do que ele. O líder que tem o L maiúsculo não retém conhecimento e nem manipula informação, mas sim dissemina ambos, além de ter as habilidades para preencher lacunas. Ele está naquela minoria, mencionada por Senge, pois possui as habilidades que ligam o que ao como;
Fazer o Autodesenvolvimento: Significa investir em novos aprendizados e até mesmo rever os velhos, sob uma ótica nova. Principalmente os aprendizados focados no desenvolvimento de novos comportamentos, paradigmas (crenças) e habilidades.
Até aqui permanece, ainda, a pergunta: Como fazer essa receita virar bolo?
Um participante de nossos cursos, o Senhor Nelson, contou-nos uma história sobre um grupo de engenheiros japoneses que visitara a Itália para fins profissionais. Numa das horas vagas lancharam numa padaria e ficaram encantados com o sabor do pão. Convenceram o padeiro a lhes passar a receita, já que não se configurariam concorrentes. Como bons engenheiros, puseram-se a experimentar, na prática a receita. O pão não se assemelhava ao do padeiro original. Depois de várias frustrações os orientais convenceram ao padeiro a ser filmado enquanto dava-lhes aulas de como fazer o pão. Mesmo assim não conseguiam fazer o pão com o sabor e aroma originais. Até que numa das centenas de reprises dos vídeos um deles percebeu que ao terminar de sovar a massa o padeiro dizia: é isso. Mas, ao fazê-lo dava uma última virada na massa. Era esse o segredo, a viradinha adicional!
Internalizar é transformar uma lista de passos e ingredientes numa habilidade subjacente, numa estrutura interna de experiência subjetiva, de modo que aquela lacuna entre o que (ingredientes, como os cinco mencionados acima para se forjar um líder) e o como o modo de preparo da mistura (estratégias e processos, que delineiam uma ordem no tempo), seja preenchida pelas viradinhas mágicas, que fazem toda a diferença.
Sugiro que você leia o artigo Gestão de Pessoas: Qual o melhor modelo III, ou mesmo todos da série, e compreenda melhor o que são habilidades e como elas podem construir comportamentos eficazes, incluindo os da liderança.
aguilar-pinheiro
 * Consultor de empresas e coach, especialista em mudanças comportamentais, trainer em Programação Neurolinguística – PNL, certificado pelo IANLP (EUA), é Diretor de Aprendizagem da Asbrapa. Contato: http://www.linkedin.com/profile/view?id=101636632

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