Inovação: um chip acompanha o boi

chip-boi-agronegocioUm surto de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, em 2005, mudou a trajetória do engenheiro elétrico Vasco Varanda Picchi. Hoje, aos 30 anos, ele é um dos fundadores da Safe Trace, empresa que mapeia o ciclo de vida de cerca de 1 milhão de cabeças de gado pelo Brasil. Assim, garante o controle de qualidade da carne exportada e da que chega às prateleiras dos nossos supermercados.
Desde o nascimento, os animais são rastreados por meio de brincos e cápsulas de cerâmica, equipadas com chips em seu interior, que são colocadas no estômago do bezerro. “Essa é uma cadeia de valor importante”, diz Rodrigo Argueso, presidente da Safe Trace. “Por ser um processo muito longo, o boi se torna uma unidade econômica valiosa. É diferente de aves e suínos, que passam por poucas etapas até o abate.”
Parceira de uma rede de supermercados, a Safe Trace monitora o ciclo de vida de um grupo variado de produtos, que inclui também frutas e legumes.
Uma outra empresa foi criada exclusivamente para trabalhar com a rastreabilidade do café. “Desenvolvemos uma nova técnica”, afirma Argueso. A tecnologia usada inclui etiquetas eletrônicas, aplicadas às sacas ainda nas propriedades rurais. Esses códigos são lidos por um hardware que registra as informações de cada etapa do produto. Elas são, então, reunidas numa plataforma conectada à nuvem e podem ser acessadas a qualquer momento pelos donos do empreendimento.
“Nossa história é parecida com a de qualquer empresa do Vale do Silício”, diz o fundador da Safe Trace, Vasco Varanda Picchi. O negócio começou como um projeto acadêmico junto com o colega Francisco Biazotto Neto, 32 anos, na Universidade Federal de Itajubá (MG). O pai de Varanda trabalhava como consultor em frigoríficos e havia sido contratado por uma empresa para desenvolver um sistema para certificar a carne a ser exportada para a Europa.
Insatisfeito com os modelos existentes, Varanda desenvolveu um sistema como trabalho em uma das disciplinas de seu curso de engenharia elétrica. “Pensei com cabeça de engenheiro e vi que aquelas soluções antigas impediam, por exemplo, que se fizesse um recall de determinados lotes do produto, como na indústria automobilística”, diz Varanda.
Sua invenção foi testada em um frigorífico de Sertãozinho, no interior de São Paulo, onde o pai trabalhava. Consistia em aplicar cartões acionados por radiofrequência, tecnologia que o colega Biazotto estudava, em cada pata do animal e, na hora de fracionar as partes, antes de realizar os cortes comerciais, fazer a leitura de cada um desses cartões. Funcionou.
Sem pretensões de colocar a solução no mercado, por não haver, na época, demanda para esse tipo de solução, os estudantes fizeram o pedido de patente pensando em licenciar a tecnologia no futuro. Foi só depois do foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul que a chance de fazer um negócio se tornou clara.
A empresa recebeu investimento do fundo FIR Capital, de Belo Horizonte, de onde veio o atual presidente, Rodrigo Argueso, para cuidar da gestão.
“As empresas que tinham começado antes nessa área não estavam fazendo a coisa certa”, diz Varanda. “Era preciso gerar um grupo de animais certificados. Acompanhá-los da fazenda até o produto final, num processo longo. Foi isso que gerou oportunidade para a gente.”
Fonte: Revista Info (http://info.abril.com.br/noticias/mercado/conheca-tres-startups-que-focaram-a-atuacao-no-agronegocio-20032013-23.shl?p=2)

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