Por Eduardo Lapa*
“Empresa bem conceituada no mercado de tecnologia de informação contrata profissional de informática. Jovem, dinâmico, com fluência em inglês e espanhol, desejável francês, alemão e aramaico. É indispensável ter graduação em processamento de dados e no mínimo 10 anos de experiência em cargos de gerência de informática e desenvolvimento de sistemas. Desejável conhecimento em ambiente Oracle, Microsoft, Sun e qualquer outra grande que esteja por surgir. Será diferencial uma pós graduação e mestrado na área de administração, por fim, conhecimentos de marketing e vendas. Enviar currículos para…”
Não é raro encontramos essa demanda. É raro encontrar quem atenda a essa demanda. Imaginem… Jovem, com dez anos de experiência, e em cargos de gerência! Conhecimento sobre ferramentas Oracle e Microsoft, que muitas vezes nem seus próprios desenvolvedores ou fornecedores conhecem bem, mas o que intrigou o Juvenal, consultor quase sênior, foi a questão da experiência com marketing e vendas. Juvenal não entendia desse negócio de marketing, mas era um jovem-técnico-gerencial-especialista-generalista e experiente!
E ele se debatia com esse troço de fazer marketing, de vender… Isso o incomodava. E aí? É preciso vender? É preciso fazer marketing? Vamos ao exemplo dos políticos:
Políticos sabem fazer marketing. Sabem falar, sabem criar redes de relacionamento, encantar parceiros e influenciar “influenciadores”. Consultores poderiam aprender com eles, é necessário também identificar o que é técnica e o que não passa daquela baba demagógica com a qual alguns molham a gravata.
O discurso relâmpago é algo que pode ser usado também. Um mero “Será que chove?” escutado no elevador pode abrir caminho para um script do tipo “Pois é. Se chover não vou poder entregar o notebook que meu cliente encomendou”. “Você vende notebook…?” Desça no mesmo andar de quem perguntou.
Vamos para a Web. Você pode criar seu próprio jornal na Internet. E promover seu nome, atividade, empresa ou produto, sem gastar. Criando um site e boletins enviados por e-mail a assinantes. De graça, é claro. A menos que você escreva mal. Aí, de graça já é caro.
Palestras e eventos são excelentes para seu marketing pessoal e da empresa. Além do networking e troca de cartões nos intervalos, é um ótimo espaço para aproveitar uma pergunta e vender seu serviço. Sem esquecer os maravilhosos coffee-breaks, que são os que nos levam a muitas delas.
Afinal das contas… O Juvenal tem que saber marketing e vendas ou não? Para finalizar, esta questão me fez lembrar um apólogo interessante, que diz que nas manhãs da África desperta uma gazela. Ela sabe que deverá correr mais depressa do que o leão ou será morta. Toda manhã na África desperta um leão, que sabe que deverá correr mais depressa do que a gazela ou morrerá de fome. Conclusão: quando o sol nasce, não importa se você é uma gazela ou um leão, é melhor que comece a correr…

 * CEO da Plugar Informações Estratégicas e sócio da Ikono. Mestre em Administração de Empresas e pós-graduado em Gestão de Negócios. Autor de livros e docente em universidades brasileiras. Contato: http://br.linkedin.com/pub/eduardo-lapa/6/757/146